Este é o segundo poema que vos deixo retirado do album "Auto da Pimenta", de Rui Veloso, edição comemorativa dos 500 anos dos Descobrimentos Portugueses. Conto aqui postar diáriamente, a partir de hoje, os restantes. Na verdade, este é o 1º tema do album sendo "São Miguel" o 2º. Por razões que, me parecem óbvias, alterei a ordem.

Para quem não se lembra, existiu à época uma enorme polémica acerca da escolha de Carlos Tê e Rui Veloso para escreverem estes textos. Muitos dos intelectuais e pseudo intelectuais, onde se enquadram, Carlos do Carmo, Simone de Oliveira, Ruy de Carvalho, Izabel do Carmo, Nuno da Câmara Pereira, José Hermano Saraiva, José Matoso, Jaime Nogueira Pinto e outros que agora não me lembro, achavam que se deveria editar um disco de fado. Por mim só posso dizer que ainda bem que assim não foi.


Sete Partidas

Carlos Tê - José S. Martins / Rui Veloso


Ouço uma voz que me canta velhas canções esquecidas
E embala o meu sonho num cais de sete partidas
Como água morrente no longe vai e vem o madrigal
Provença que soas ainda nas noites de portugal

Viajantes de alexandria mostram laca e seda fina
Ouro pimenta e marfim porcelana e musselina
Falam do preste joão dizem do seu paradeiro
Aos altos da etiópia vou mandar um mensageiro

Acordo todas as manhãs com ecos dessa canção
Sete partidas cinco chagas vãs águas morrente e sião
Cantiga de amigo provença no coração
Embala o meu sonho e leva-me ao preste joão

Canção que trazes aromas de alóes e benjoim
Aponta na minha carta onde se cheiram coisas assim
Para lá da núbia doirada para lá dos dardanelos
Na pérsia na india encantada até aos rios amarelos

Vejo passar caravanas na língua dos mercadores
E as cidades italianas brilham em seus esplendores
Tenha eu a certeza do que me canta essa voz
E um dia génova e venza hão-de ouvir falar de nós

Acordo todas as manhãs com ecos dessa canção
Sete partidas cinco chagas vãs águas morrente e sião
Cantiga de amigo provença no coração
Embala o meu sonho e leva-me ao preste joão.

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