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A mostrar mensagens de janeiro, 2008
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A mulher que passa Meu Deus, eu quero a mulher que passa. Seu dorso frio é um campo de lírios Tem sete cores nos seus cabelos Sete esperanças na boca fresca! Oh! Como és linda, mulher que passas Que me sacias e suplicias Dentro das noites, dentro dos dias! Teus sentimentos são poesia Teus sofrimentos, melancolia. Teus pêlos são relva boa Fresca e macia. Teus belos braços são cisnes mansos Longe das vozes da ventania. Meu Deus, eu quero a mulher que passa! Como te adoro, mulher que passas Que vens e passas, que me sacias Dentro das noites, dentro dos dias! Por que me faltas, se te procuro? Por que me odeias quando te juro Que te perdia se me encontravas E me encontravas se te perdias? Por que não voltas, mulher que passas? Por que não enches a minha vida? Por que não voltas, mulher querida Sempre perdida, nunca encontrada? Por que não voltas à minha vida Para o que sofro não ser desgraça? Meu Deus, eu quero a mulher que passa! Eu quero-a agora, sem mais demora A minha amada mulher que
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Não toques nos objectos imediatos Não toques nos objectos imediatos. A harmonia queima. Por mais leve que seja um bule ou uma chavená, são loucos todos os objectos. Uma jarra com um crisântemo transparente tem um tremor oculto. É terrível no escuro. Mesmo o seu nome, só a medo o podes dizer. A boca fica em chaga. Herberto Helder
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Seios Sei os teus seios. Sei-os de cor. Para a frente, para cima, Despontam, alegres, os teus seios. Vitoriosos já, Mas não ainda triunfais. Quem comparou os seios que são teus (Banal imagem) a colinas! Com donaire avançam os teus seios, Ó minha embarcação! Por que não há Padarias que em vez de pão nos dêem seios Logo p´la manhã? Quantas vezes Interrogaste, ao espelho, os seios? Tão tolos os teus seios! Toda a noite Com inveja um do outro, toda a santa Noite! Quantos seios ficaram por amar? Seios pasmados, seios lorpas, seios Como barrigas de glutões! Seios decrépitos e no entanto belos Como o que já viveu e fez viver! Seios inacessíveis e tão altos Como um orgulho que há-de rebentar Em desesperadas, quarentonas lágrimas... Seios fortes como os da Liberdade - Delacroix - guiando o povo. Seios que vão à escola p´ra de lá saírem Direitinhos p´ra casa... Seios que deram o bom leite da vida A vorazes folhos alheios! Diz-se rijo dum seio que, vencido, Acaba por vencer... O amor excessivo du