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Almada, todo Almada.

Cena do ódio A Álvaro de Campos a dedicação intensa de todos os meus avatares. Foi escrito durante os três dias e as três noites que durou a revolução de 14 de Maio de 1915 Ergo-Me Pederasta apupado d'imbecis, Divinizo-Me Meretriz, ex-líbris do Pecado, e odeio tudo o que não Me é por Me rirem o Eu! Satanizo-Me Tara na Vara de Moisés! O castigo das serpentes é-Me riso nos dentes, Inferno a arder o Meu Cantar! Sou Vermêlho-Niagara dos sexos escancarados nos chicotes dos cossácos! Sou Pan-Demónio-Trifauce enfermiço de Gula! Sou Génio de Zaratrusta em Taças de Maré-Alta! Sou Raiva de Medusa e Danação do Sol! Ladram-Me a Vida por vivê-La e só Me deram Uma! Hão-de lati-La por sina! Agora quero vivê-La! Hei-de Poeta cantá-La em Gala sonora e dina Hei-de Glória desanuviá-La! Hei-de Guindaste içá-La Esfinge da Vala pedestre onde Me querem rir! Hei-de trovão-clarim levá-La Luz às Almas-Noites do Jardim das Lágrimas! Hei-de bombo rufá-La pompa de Pompeia nos Funerais de Mim! Hei-de Alfange-Ma

Poema do fecho-éclair

Filipe II tinha um colar de oiro, tinha um colar de oiro com pedras rubis. Cingia a cintura com cinto de oiro, com fivela de oiro, olho de perdiz. Comia num prato de prata lavrada girafa trufada, rissóis de serpente. O copo era um gomo que em flor desabrocha, de cristal de rocha do mais transparente. Andava nas salas forradas de Arrás, com panos por cima, pela frente e por trás. Tapetes flamengos, combates de galos, alões e podengos, falcões e cavalos. Dormia na cama de prata maciça com dossel de lhama de franja roliça. Na mesa do canto vermelho damasco, e a tíbia de um santo guardada num frasco. Foi dono da Terra, foi senhor do Mundo, nada lhe faltava, Filipe Segundo. Tinha oiro e prata, pedras nunca vistas, safiras, topázios, rubis, ametistas. Tinha tudo, tudo, sem peso nem conta, bragas de veludo, peliças de lontra. Um homem tão grande tem tudo o que quer. O que ele não tinha era um fecho-éclair. António Gedeão, Poesias completas

Litania para o Natal de 1967

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto num sótão num porão numa cave inundada Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto dentro de um foguetão reduzido a sucata Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto numa casa de Hanói ontem bombardeada Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto num presépio de lama e de sangue e de cisco Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto para ter amanhã a suspeita que existe Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto tem no ano dois mil a idade de Cristo Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto vê-lo-emos depois de chicote no templo Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto e anda já um terror no látego do vento Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto para nos pedir contas do nosso tempo David Mourão-Ferreira, Lira de bolso

uma certa quantidade

Uma certa quantidade de gente à procura de gente à procura duma certa quantidade Soma: uma paisagem extremamente à procura o problema da luz (adrede ligado ao problema da vergonha) e o problema do quarto-atelier-avião Entretanto e justamente quando já não eram precisos apareceram os poetas à procura e a querer multiplicar tudo por dez má raça que eles têm ou muito inteligentes ou muito estúpidos pois uma e outra coisa eles são Jesus Aristóteles Platão abrem o mapa: dói aqui dói acolá E resulta que também estes andavam à procura duma certa quantidade de gente que saía à procura mas por outras bandas bandas que por seu turno também procuravam imenso um jeito certo de andar à procura deles visto todos buscarem quem andasse incautamente por ali a procurar Que susto se de repente alguém a sério encontrasse que certo se esse alguém fosse um adolescente como se é uma nuvem um atelier um astro Mário Cesariny

O Poeta

Trabalha agora na importação e exportação. Importa metáforas, exporta alegorias. Podia ser um trabalhador por conta própria, um desses que preenche cadernos de folha azul com números de deve e haver. De facto, o que deve são palavras; e o que tem é esse vazio de frases que lhe acontece quando se encosta ao vidro, no inverno, e a chuva cai do outro lado. Então, pensa que poderia importar o sol e exportar as nuvens. Poderia ser um trabalhador do tempo. Mas, de certo modo, a sua prática confunde-se com a de um escultor do movimento. Fere, com a pedra do instante, o que passa a caminho da eternidade; suspende o gesto que sonha o céu; e fixa, na dureza da noite, o bater de asas, o azul, a sábia interrupção da morte. Nuno Júdice

Língua mater dolorosa

Tu que foste do Lácio a flor do pinho dos trovadores a leda a bem-talhada de oito séculos a cal o pão e o vinho de Luís Vaz a chama joalhada tu o casulo o vaso o ventre o ninho e que sôbolos rios pendurada foste a harpa lunar do peregrino tu que depois de ti não há mais nada, eis-te bobo da corja coribântica: a canalha apedreja-te a semântica e os teus verbos feridos vão de maca. Já na glote és cascalho és malho és má­língua, de brisa barco e bronze foste a língua; língua serás ainda... mas de vaca. Natália Correia

Laranja, peso, potência.

Laranja, peso, potência. Que se finca, se apoia, delicadeza, fria abundância. A matéria pensa. As madeiras incham, dão luz. Apuram tão leve açúcar, tal golpe na língua. Espaço lunado onde a laranja recebe soberania. E por anéis de carne artesiana o ouro sobe à cabeça. A ferida que a gente é: de mundo e invenção. Laranja assombrosamente. Doce demência, arrancada à monstruosa inocência da terra. Herberto Helder

Soneto já antigo

Olha, Daisy: quando eu morrer tu hás-de dizer aos meus amigos aí de Londres, embora não o sintas, que tu escondes a grande dor da minha morte. Irás de Londres pra York, onde nasceste (dizes... que eu nada que tu digas acredito), contar àquele pobre rapazito que me deu tantas horas tão felizes, Embora não o saibas, que morri... mesmo ele, a quem eu tanto julguei amar, nada se importará... Depois vai dar a notícia a essa estranha Cecily que acreditava que eu seria grande... Raios partam a vida e quem lá ande! Álvaro de Campos

Volúpia

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Tanque Grande 19.08.2006 Originally uploaded by São Lourenço . No divino impudor da mocidade, Nesse êxtase pagão que vence a sorte, Num frémito vibrante de ansiedade, Dou-te o meu corpo prometido à morte! A sombra entre a mentira e a verdade... A núvem que arrastou o vento norte... --- Meu corpo! Trago nele um vinho forte: Meus beijos de volúpia e de maldade! Trago dálias vermelhas no regaço... São os dedos do sol quando te abraço, Cravados no teu peito como lanças! E do meu corpo os leves arabescos Vão-te envolvendo em círculos dantescos Felinamente, em voluptuosas danças... Florbela Espanca

A palavra impossível

  Deram-me o silêncio para eu guardar dentro de mim A vida que não se troca por palavras. Deram-mo para eu guardar dentro de mim As vozes que só em mim são verdadeiras. Deram-mo para eu guardar dentro de mim A impossível palavra da verdade. Deram-me o silêncio como uma palavra impossível, Nua e clara como o fulgor duma lâmina invencível, Para eu guardar dentro de mim, Para eu ignorar dentro de mim A única palavra sem disfarce - A Palavra que nunca se profere. Adolfo Casais Monteiro

Amor que morre

O nosso amor morreu... Quem o diria! Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta, Ceguinha de te ver, sem ver a conta Do tempo que passava, que fugia! Bem estava a sentir que ele morria... E outro clarão, ao longe, já desponta! Um engano que morre... e logo aponta A luz doutra miragem fugidia... Eu bem sei, meu Amor, que pra viver São precisos amores, pra morrer, E são precisos sonhos pra partir. E bem sei, meu Amor, que era preciso Fazer do amor que parte o claro riso De outro amor impossível que há-de vir! Florbela Espanca, Reliquiae (1931)

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem sorte, Sou a irmã do sonho, e desta sorte, Sou a crucificada...a dolorida... Sombra de névoa ténue e esvaecida, E que o destino amargo, triste e forte, Impele brutalmente para a morte! Alma de luto sempre incompreendida!... Sou aquela que passa e ninguém vê... Sou a que chamam triste sem o ser... Sou a que chora sem saber porquê... Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver E que nunca na vida me encontrou! Florbela Espanca, Livro de Mágoas

Magnificat

Quando é que passará esta noite interna, o universo, E eu, a minha alma, terei o meu dia? Quando é que dispertarei de estar accordado? Não sei. O sol brilha alto, Impossivel de fitar. As estrelas pestanejam frio, Impossíveis de contar. O coração pulsa alheio, Impossivel de escutar. Quando é que passará este drama sem teatro, Ou este teatro sem drama, E recolherei a casa? Onde? Como? Quando? Gato que me fitas com olhos de vida, quem tens lá no fundo? É Esse! É esse! Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei; E então será dia. Sorri, dormindo, minha alma! Sorri, minha alma: será dia! Álvaro de Campos

Ode marítima

a Santa Rita Pintor Sózinho, no cais deserto, a esta manhã de verão, Ólho pró lado da barra, ólho pró Indefinido, Ólho e contenta-me vêr, Pequeno, negro e claro, um paquete entrando. Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira. Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo. Vem entrando, e a manhã entra com êle, e no rio, Aqui, acolá, acorda a vida marítima, Erguem-se velas, avançam rebocadores, Surgem barcos pequenos de trás dos navios que estão no porto. Ha uma vaga brisa. Mas a minh'alma está com o que vejo menos, Com o paquete que entra, Porque êle está com a Distância, com a Manhã, Com o sentido marítimo desta Hora, Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea, Como um começar a enjoar, mas no espírito. Ólho de longe o paquete, com uma grande independência de alma, E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente. Os paquetes que entram de manhã na barra Trazem aos meus olhos comsigo O mistério alegre e triste de quem chega e parte. Trazem memórias d

As amoras

O meu país sabe a amoras bravas no verão. Ninguém ignora que não é grande, nem inteligente, nem elegante o meu país, mas tem esta voz doce de quem acorda cedo para cantar nas silvas. Raramente falei do meu país, talvez nem goste dele, mas quando um amigo me traz amoras bravas os seus muros parecem-me brancos, reparo que também no meu país o céu é azul. Eugénio de Andrade , O outro nome da Terra

Quase epitáfio

O outro sabia. Tinha uma certeza. Sou eterno, dizia. Eu não tenho nada. Amei o desejo com o corpo todo. Ah, tapai-me depressa. A terra me basta. Ou o lodo. Eugénio de Andrade , Epitáfios

Gato

Que fazes por aqui, ó gato? Que ambiguidade vens explorar? Senhor de ti, avanças, cauto, meio agastado e sempre a disfarçar o que afinal não tens e eu te empresto, ó gato, pesadelo lento e lesto, fofo no pêlo, frio no olhar! De que obscura força és a morada? Qual o crime de que foste testemunha? Que deus te deu a repentina unha que rubrica esta mão, aquela cara? Gato, cúmplice de um medo ainda sem palavras, sem enredos, quem somos nós, teus donos ou teus servos? Alexandre O'Neill

Gato

Que fazes por aqui, ó gato? Que ambiguidade vens explorar? Senhor de ti, avanças, cauto, meio agastado e sempre a disfarçar o que afinal não tens e eu te empresto, ó gato, pesadelo lento e lesto, fofo no pêlo, frio no olhar! De que obscura força és a morada? Qual o crime de que foste testemunha? Que deus te deu a repentina unha que rubrica esta mão, aquela cara? Gato, cúmplice de um medo ainda sem palavras, sem enredos, quem somos nós, teus donos ou teus servos? Alexandre O'Neill

A décima ilha

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Esta fotografia da autoria do Gaspar Ávila é poesia!

Serranilha

A serra é alta, fria e nevosa; vi venir serrana gentil, graciosa. Vi venir serrana, gentil, graciosa; cheguei-me per?ela com grã cortesia. Cheguei-me per?ela de grã cortesia, disse-lhe: senhora, quereis companhia? Disse-lhe: senhora, quereis companhia? Disse-me: escudeiro, segui vossa via. Gil Vicente

Amigo

Mal nos conhecemos Inaugurámos a palavra amigo! Amigo é um sorriso De boca em boca, Um olhar bem limpo, Uma casa, mesmo modesta, que se oferece. Um coração pronto a pulsar Na nossa mão! Amigo (recordam-se, vocês aí, Escrupulosos detritos?) Amigo é o contrário de inimigo! Amigo é o erro corrigido, Não o erro perseguido, explorado. É a verdade partilhada, praticada. Amigo é a solidão derrotada! Amigo é uma grande tarefa, Um trabalho sem fim, Um espaço útil, um tempo fértil, Amigo vai ser, é já uma grande festa! Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca

Hino da manhã

Tu, casta e alegre luz da madrugada, Sobre, cresce no céu, pura e vibrante, E enche de força o coração triunfante Dos que ainda esperam, luz imaculada! Mas a mim pões-me tu tristeza imensa No desolado coração. Mais quero A noite negra, irmã do desespero, A noite solitária, imóvel, densa, O vácuo mudo, onde astro não palpita, Nem ave canta, nem sussurra o vento, E adormece o próprio pensamento, Do que a luz matinal... a luz bendita! Porque a noite é a imagem do Não-Ser, Imagem do repouso inalterável E do esquecimento inviolável, Que anseia o mundo, farto de sofrer... Porque nas trevas sonda, fixo e absorto, O nada universal o pensamento, E despreza o viver e o seu tormento, E olvida, como quem está já morto... E, interrogando intrépido o Destino, Como réu o renega e o condena, E virando-se, fita em paz serena O vácuo augusto, plácido e divino... Porque a noite é a imagem da Verdade, Que está além das coisas transitórias, Das paixões e das formas ilusórias, Onde somente há dor e falsidad

Joelho

Ponho um beijo demorado no topo do teu joelho Desço-te a perna arrastando a saliva pelo meio Onde a língua segue o trilho até onde vai o beijo Não há nada que disfarce de ti aquilo que vejo Em torno um mar tão revolto no cume o cimo do tempo E os lençóis desalinhados como se fosse de vento Volto então ao teu joelho entreabrindo-te as pernas Deixando a boca faminta seguir o desejo nelas. Maria Teresa Horta

O homem cuja orelha cresceu

...Acordou no meio da noite com o barulhinho da orelha crescendo. Dormiu de novo e quando acordou na manhã seguinte, o quarto se enchera com a orelha. Ela estava em cima do guarda-roupa, embaixo da cama, na pia. E forçava a porta. Ao meio-dia, a orelha derrubou a porta, saiu pelo corredor. Duas horas mais tarde, encheu o corredor. Inundou a casa. Os hospedes fugiram para a rua. Chamaram a polícia, o corpo de bombeiros. A orelha saiu para o quintal. Para a rua... Retirado do projecto releituras que entretando, retirou do livro "Os melhores contos de Ignácio de Loyola Brandão", seleção de Deonísio da Silva, Global Editora ? São Paulo, 1993, pág. 135.

Foguetabraze e outros blogs

O problema não é nem do Foguetabraze nem sequer Nacional, é do Blçogger mesmo. Blogger Status Thursday, March 16, 2006 The filer that we have been having trouble with in the last few days failed again. Those blogs that are stored on the bad filer are temporarily not available for publishing and viewing. We are working on replacing the filer and restoring access to the blogs affected.Update (7 am, March 17): we are still in the process migrating data off of the bad filer. We sincerely apologize for the continuing problems. Posted by Pal at 21:14 PST

Foguetabraze banido da blogosfera?

O Foguetabraze não está acessivel aos seus leitores, já devem ter dado por isso. Enquanto o assunto não se resolve, não sei como nem por quem, postarei a partir daqui, desse também seu Corsário das Ilhas. Segundo consegui apurar, vários blogs estão com o mesmo problema, estou em contacto com o blogger, permanentemente, na tentativa de resolver o assunto com a brevidade possível.

Cuerpo de mujer...

Cuerpo de mujer, blancas colinas, muslos blancos, te pareces al mundo en tu actitud de entrega. Mi cuerpo de labriego salvaje te socava y hace saltar el hijo del fondo de la tierra. Fui solo como un túnel. De mí huían los pájaros y en mí la noche entraba su invasión poderosa. Para sobrevivirme te forjé como un arma, como una flecha en mi arco, como una piedra en mi honda. Pero cae la hora de la venganza, y te amo. Cuerpo de piel, de musgo, de leche ávida y firme. ¡Ah los vasos del pecho! ¡Ah los ojos de ausencia! ¡Ah las rosas del pubis! ¡Ah tu voz lenta y triste! Cuerpo de mujer mía, persistiré en tu gracia. Mi sed, mi ansia si límite, mi camino indeciso! Oscuros cauces donde la sed eterna sigue, y la fatiga sigue, y el dolor infinito. Pablo Neruda

Amigos

AMIGOS! TENHO amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências? a alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E