Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2006

D. Sebastião, rei de Portugal

Louco, sim, louco, porque quis grandeza Qual a sorte a não dá. Não coube em mim minha certeza; Por isso onde o areal está Ficou meu ser que houve, não o que há. Minha loucura, outros que me a tomem Com o que nela ia. Sem a loucura que é o homem Mais que a besta sadia, Cadáver adiado que procria? Fernando Pessoa, Mensagem (1934)

IF

If you can keep your head when all about you Are losing theirs and blaming it on you; If you can trust yourself when all men doubt you, But make allowance for their doubting too; If you can wait and not be tired by waiting, Or, being lied about, don't deal in lies, Or, being hated, don't give way to hating, And yet don't look too good, nor talk too wise; If you can dream - and not make dreams your master; If you can think - and not make thoughts your aim; If you can meet with triumph and disaster And treat those two impostors just the same; If you can bear to hear the truth you've spoken Twisted by knaves to make a trap for fools, Or watch the things you gave your life to broken, And stop and build 'em up with worn-out tools; If you can make one heap of all your winnings And risk it on one turn of pitch-and-toss, And lose, and start again at your beginnings And never breathe a word about your loss; If you can force your heart and nerve and sinew To serve your turn l

El que se los comió

Parece que ha habido un hombre de instintos temerarios que se ha comido unos senos de mujer, como se comen unas naranjas sin mondarlas ni repartirlas en gajos, sino mordiéndolas y chupando. Quizá unos senos comidos con el valiente apetito con que se podría realizar ese acto, sepan a ancas de rana o cosa por el estilo. ¿Y su pezón? Su pezón debe saber como el tostado pezón de los panes que acaban en punta, en una punta exquisita. También parece que algunos senos deben saber a guayaba. (Ramón Gómez de la Serna, Senos, 1918; Buenos Aires: Albino, 1979.)

Poema em linha recta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possiblidade do soco; Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu que verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gente que eu conheço e que fala co

Sobre a neve

Sobre mim, teu desdém pesado jaz Como um manto de neve... Quem dissera Porque tombou em plena Primavera Toda essa neve que o Inverno traz! Coroavas-me inda há pouco de lilás E de rosas silvestres... quando eu era Aquela que o Destino prometera Aos teus rútilos sonhos de rapaz! Dos beijos que me deste não te importas, Asas paradas de andorinhas mortas... Folhas de Outono e correria louca... Mas inda um dia, em mim, ébrio de cor, Há-de nascer um roseiral em flor Ao sol da Primavera doutra boca! Florbela Espanca