Trovas Vicentinas
Carlos Tê / Rui Veloso

Vós que vos ides por ganância
Debaixo da capa do cruzado
Buscando no incerto e na distância
A mina delirante do el dourado

Vós que deixais só na rectaguarda
Um farto giniceu desamparado
Não sentis testa que vos arda
Durante o sono repousate do soldado

Ouvi este lado trovador
Por feitos de além - mar pouco tentado
Não se deixa uma esposa sem amor
Com o trevo da mocidade eriçado

E vê-las no poleiro das janelas
Gastando seus furores em vãs intrigas
É vê-las nas ribeiras com as barrelas
Contando oq ue só deus sabe às amigas

Quanta malícia mal ardida
Tangem seus olhares pelas esquinas
Soubesseis os sorrisos de fugida
Que delas merecem minhas rimas

E vieis que melhor que a riqueza
É ter alguém à noite na cama
Que o diga a presunçosa e vã nobreza
Que goza a especiaria ao pé da dama

Por isso se as testas vos ardem
No lume verrinoso do adultério
Às línguas viperinas que vierem
Dizei que ardem pela grandeza do império

Comentários

Anónimo disse…
Permiti-me esta pequena correcção, pois onde se lê "lado trovador" deveria ler-se "ledo trovador"; "ledo" adjectivo muito utilizado na idade média, até ao século XIX mas que caiu em desuso, que significa; Alegre, contente, satisfeito, jubiloso.

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